CRÔNICAS


Questione-se

Agnes M.P.Altmann

O pensamento não é um processo linear, e muito menos as emoções. Existimos em zig-zag. Somos experimentos existencialistas. Tanto o pensamento como nossas emoções são dinâmicas em permanente ondulação, comparados mais precisamente com o influxo das marés. O que para uns refletimos uma aparência coerente, para outros nos apresentamos em total desvario. A luz não reflete na mesma intensidade. Muda-se a entonação. Um passo a frente ou atrás a luminosidade deforma ou reforça enfoques sutilmente percebidos e que necessariamente não se pode controlar o grau de sua deformidade. O pensamento, o desejo, a vontade se alteram quimicamente ?... Por certo, teorizar não é obter de imediato o resultado pretendido. E nisso o viver é mesmo como trocar mudas de um jardim permanentemente. Ou por outra, também mudar de veste conforme a temperatura. Mas precisa-se de algo que o oriente certamente.

Como manter a nossa `coerência´ caracterológica sob total controle daquilo que se quer seja mesmo o exato reflexo do que se imagina ser pela imagem-reflexo externamente captada, fora do autocontrole pela própria auto-imagem refletida? Somos tão somente o que pensamos e o modo como reagimos pelo que os outros nos julgam, apreciativa ou depreciativamente? Ou controlamos nossa auto-imagem pelo que os outros `acreditam´ que somos? E o que importa socialmente é o que tentamos fazer e ser ou o reflexo aparente da pouca percepção dos outros em relação à nossa auto-imagem deturpada involuntariamente ou propositalmente por nós?
Agnes M.P.Altmann
Fonte: Jornalada
Data: 25/1/2005
www.jornalada.com

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