CRÔNICAS


Ilusões iluminadas

Agnes Marta Pimentel Altmann

Iluminar, o Amor ilumina, ainda que não necessariamente proveniente das pessoas. No Natal, já virou força do hábito, celebrar-se com energia elétrica, pelo menos a `idéia´ ou `ilusão´ desse Amor que ilumina em forma de luzes em cascatas ornamentais, mesmo importando no aumento do consumo de energia elétrica, para iluminar a escuridão das trevas do mundo pagão. Seja em Nova York , Paris, Rio de Janeiro ou até a mais remota cidadezinha municipal do interior do País ou como as luzes do Palácio do Planalto, com as quatro mais simplórias de todas as faixas iluminadas na Esplanada dos Ministérios, ao alto do Congresso Nacional, do Banco do Brasil e da Agência Central dos Correios, em Brasília, devendo ou não conta de energia elétrica, o Natal enfeita com tanta luz apenas os edifícios e as avenidas urbanas... Luzes que, no entanto, logo se apagam, passados os festejos natalinos, deixando depois essa iluminada saudade de tanta iluminação inútil que não produz Amor nenhum para iluminar a vida inteira. Luzes sem Amor que não refletem iluminação nenhuma nos corações humanos, a ver até mesmo pela escassez dos presentes.

Diga-se como presente sobretudo o carinho, a amizade, o respeito humano, a verdadeira dádiva que pragmaticamente ilumina o viver humano. Contudo, como falta essa Luz que deveria iluminar sobretudo espiritualmente, pensa-se mesmo que a energia elétrica como uma lamparina, iluda a escuridão interior em que muitos vivem. Iluminação sem Luz a projetar a Luz que não dura apenas horas, nem se desliga ou se apaga e que não gera nenhum Amor de Luz, que se transformaria até em memorial, não como embrulhados presentes de Papai Noel que cada um sempre espera ganhar mas nunca tem o bastante para dar.

No coração da criança que cresceu, em que os sonhos em ilusão feneceram, carrega-se na alma mendiga a falta do Amor presente que tanto ilumina. Esse presente de Amor raro que no tempo os sorrisos nunca festejam verdadeiramente nem mesmo no dia de Natal. Amor que mesmo as luzes elétricas urbanas, que por vezes inspiram esse desejo de iluminar , para muitos não passa de uma ilusão que jamais se faz presente, nem no Natal nem nunca.

Hoje em dia, até mesmo o Amor não se tem mais como um presente mas uma `ilusão´, que muitos até só desejam como presente natalino não nutrir mais ilusão nenhuma. Ou por outra, permanecem escassamente nas frases feitas votos sem calor que contagie, de que todas as `ilusões´ representadas pelas festas de fim de ano possam se tornar realidade. Então "não se alegre com o presente que deu nem se entristeça com o que deixou de ganhar"... A ilusão acabou, é tudo o se pensa, se diz e se escuta... Se a energia elétrica, essa ilusão ótica que dá a sensação de ser até mesmo um milagre pragmático de Deus em forma de tecnologia, não contagia nem enche o mundo do Amor que ilumina, e muitos nem percebem, como iluminará, ao menos como enfeite, a escuridão das cidades e lares nos corações em trevas?... Tampouco a felicidade poderá anualmente se renovar, quando não se aprendeu a amar as dádivas que se vê no mundo sem um novo olhar despojado. Ao menos da criança-lembrança que como relíquia muitos se esqueceram ou que talvez muitos com saudades ao menos dos lindos sonhos de Amor que em criança sonhara, se resgate o que parece `ilusão´ inconsciente na memória guardada, um desejo de Amor que nos ilumine a cada dia.

Não precisa ser criança para que os presentes possam `iludir´. Se por outra seguir sonhando ao menos em forma de um desejo toda paz, alegria e vida eternas descendo em permanentes cascatas, iluminando não apenas a noite de Natal, pois que seja por um Amor que não é nenhuma ilusão, que não se apaga nem se desliga, mas se renova, floresce e frutifica cada dia mais. Possivelmente muitos nem têm lembrança de Amor nenhum na memória, ao menos de como sonhar o que talvez nunca nem sonhou quando criança! A Deus confio minhas ilusões, então, de forma pragmática, que o Amor de Cristo ilumine a vida toda o mundo inteiro!...

Agnes Marta Pimentel Altmann
Fonte: Jornalada
Data: 17/1/2005
www.jornalada.com

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